Terça, 08 Dezembro 2015 21:53

08 de Dezembro: Imaculada Conceição de Maria

 

A figura de Maria

 Estamos vivendo os tempos belos de preparação para o Natal e para as festas que comemoram a encarnação do Verbo. Percorremos as trilhas do Advento. Os profetas dos tempos passados haviam falado dos desígnios de Deus, do sonho que Deus tinha de se fazer companheiro da caminhada dos homens. Um dos nomes que o Senhor queria ter era precisamente esse de Emanuel, Deus conosco. Esse sonho começa a se concretizar de maneira clara com a resposta de uma mulher de Nazaré chamada Maria. “Aqui estou. Faça-se em mim segundo teus insondáveis desígnios.

Maria era uma judia piedosa que esperava a vinda do Messias. Pertencia ao resto fiel do povo. Havia se acostumado a contemplar as nuvens dos céus, esperando sinais da manifestação do Messias. Certamente conhecia os salmos que alimentavam seu relacionamento com o Senhor e, a julgar pelo seu cântico de ação de graças, o Magnificat, tinha traços da espiritualidade de Abraão. Caminhava confiante para uma terra que Deus lhe haveria de mostrar.

Quando pensamos em Deus, nesse ser de todas as grandezas e de toda plenitude não sabemos como descrevê-lo. A fé nos ensina que ele é uma fornalha de amor. O Pai, eternamente Pai, gera eternamente o Verbo, sua expressão. O Verbo, a Palavra se volta para o Pai. Entre o Pai e o Verbo há um liame, um laço, um sopro que é o Espírito. Esse Deus uno e trino é fornalha de amor. O sonho de Deus é criar o mundo e o homem e fazer com esses homens todos pudessem mergulhar no abismo de amor da Trindade. Por isso, na intenção de Deus a primeira realidade em seu pensamento foi a natureza humana de Jesus. Seu projeto era tomar carne e assim levar a carne para o mistério do Amor trinitário. A humanidade de Jesus é o primeira pensamento de Deus. Para tanto era preciso um seio de mulher, a aquiescência de uma descendente de Eva que pudesse ser coberta com sombra do Espírito. E assim Maria de Nazaré fica sendo a segunda no pensamento de Deus. A partir de sua aquiescência começa a se realizar o sonho de Deus. E o Senhor inventa a Imaculada.

Tudo começa com a criação. Esse Deus adorável cria os espaços, os oceanos, as estrelas, o sol, o verde, o ar. Tudo sai de suas mãos e de seu desejo de partilhar o bem, o amor. Tudo começara bem. Homem e mulher foram colocados num jardim. Ele e ela vieram da terra. O sopro divino fez dele e dela seres viventes. Deus mesmo costumava passear pelas alamedas do paraíso ao cair da terra, na hora da brisa fresca. Harmonia e paz nesse mundo que ia brotando do amor e da força de Deus. O coração do homem, no entanto, não foi fiel ao Senhor. Adão foge do olhar do Senhor. “Adão, onde estás?” Tudo era ordem e beleza. De repente, Adão experimenta medo devido à desordem de seu coração. “Ouvi a tua voz no jardim e fiquei com medo; porque estava nu e me escondi”. Medo e vergonha se entrelaçam. O pecado quebra a paz e a harmonia. Aparece a serpente como atriz do drama. E o Senhor disse à serpente: “Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Ela te ferirá a cabeça e a tu lhe ferirás o calcanhar”. Uma mulher haveria de esmagar aquela que havia feito o convite a desordem e inspirado. Esta seria Maria, a Imaculada.

“Aqui estou com minha história e minha trajetória. Sou filha de um povo de fé. Que em mim se faça a vontade do Altíssimo. O que nascer de mim vem de mim e vem da vontade amorosa do Altíssimo. O Senhor fez maravilhas em mim. Não tenho outro desejo senão o de ser a serva do Senhor. O que se opera em mim é obra do amor sem limites daquele que sempre olha para a humildade de seus servos”.

Ao lado do quadro da descrição da criação e do pecado dos primeiros pais encontramos o da anunciação do anjo a Maria. A mulher de Nazaré diante da palavras do mensageiro divino sente-se perturbada. Maria experimenta medo diante da proposta de ser participante na realização do sonho de Deus. O mensageiro divino afirma: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça, diante de Deus”. Segundo José Antonio Pagola através das palavras do anjo compreendemos o mistério e vislumbramos a beleza da Imaculada. O que a ela é dirigido e dito convém acolhamos também nos em nossa vida diária:

Alegra-te – É a primeira coisa que Maria ouve, é a primeira coisa que devemos ouvir também nós. Alegra-te: essa é a primeira palavra de Deus a toda criatura. Nestes tempos, que a nós nos parecem de incerteza e escuridão, cheios de problemas e dificuldades, a primeira coisa que se nos pede é não perder a alegria. Sem alegria a vida se torna mais difícil e dura.

O Senhor está contigo – A alegria a que estamos convidados não é um otimismo forçado nem um autoengano fácil. É a alegria interior que nasce em quem enfrenta a vida com a convicção de que não está só. Uma alegria que nasce da fé. Deus nos acompanha, nos defende e busca sempre o nosso bem. Podemos queixar-nos de muitas coisas, mas nunca poderemos dizer que estamos sós, porque não é verdade. Dentro de cada um, no mais profundo de nosso ser, está Deus, nosso Salvador.

Não temas. São muitos os medos que podem despertar em nós. Medo do futuro, da doença, da morte. Coisas que nos causam medo: sofrer, sentir-se só, não ser amado. Podemos ter medo de nossas contradições e incoerências. O medo é mau, causa dano. O medo sufoca a vida, paralisa as forças, nos impede de caminhar. Precisamos de confiança, segurança e luz. Adão teve medo. O anjo afirma que Maria nada tem a temer.

Encontraste graça diante de Deus – Não só Maria, mas também nós precisamos ouvir estas palavras, pois todos nós vivemos e morremos sustentados pela graça e pelo amor de Deus. A vida prossegue com suas dificuldades e preocupações. A fé em Deus não é uma receita para resolver os problemas diários. Mas tudo é diferente quando vivemos procurando em Deus luz e força para enfrenta-los” (Pagola, Lucas, p.23-24).

FREI ALMIR GUIMARÃES

 

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