Segunda, 11 Dezembro 2017 00:35

Estudo da Regra em Fraternidade: Artigo 11º da Regra

Tema: A pobreza do/a Franciscano/a Secular

“Cristo, confiado no Pai, embora apreciasse atenta e amorosamente as realidades criadas, escolheu para Si e para sua Mãe uma vida pobre e humilde. Assim, os franciscanos seculares procurem, no desapego um justo relacionamento com os bens temporais, simplificando sua própria exigências materiais. Estejam conscientes, de que, segundo o Evangelho, são administradores dos bens recebidos em favor dos filhos de Deus. Assim, no espírito das “Bem-aventuranças”, se esforcem para purificar o coração de toda a inclinação e cobiça de posse e de dominação como “peregrinos e forasteiros” a caminho da casa do Pai”. (Art. 11)

 

01 – CANTO INICIAL:            Hino a Regra da OFS - Devocionário Franciscano

1) Na presença de Deus Poderoso / Para a glória da Virgem sem par / Do Seráfico Pai São Francisco / E dos Santos no Céu a reinar.

Refrão: Eu prometi, fiel serei / Por toda a vida à Santa Regra Franciscana

Eu prometi, fiel serei / A Santa Regra guardarei.

2) Prometi ser cristão fervoroso / Os preceitos divinos cumprir / Prometi sempre e sempre da Igreja / Os ensinos sagrados ouvir.

3) Prometi os prazeres mundanos / por amor de Jesus, desprezar / Mas dos bens eternais, a riqueza / prometi nesta vida alcançar.

 4) Dar exemplos de belas virtudes / Cultivar o fervor da oração / Exercer caridade fraterna / Prometi ao fazer profissão.

5) “Ó meu Deus, meu Amor e meu Tudo” / Com Francisco me atrevo a dizer /Só de Vós quero ser em vivendo / Só de Vós quero ser em morrer.

 

02 – ORAÇÃO INICIAL:  Saudação as Virtudes

 Salve, ó rainha sabedoria, o Senhor te salve, com tua irmã, a santa e pura simplicidade!

Ó senhora santa pobreza, o Senhor te salve, com tua irmã, a santa humildade!

Ó senhora santa caridade, o Senhor te salve, com tua irmã, a santa obediência!

Todas as virtudes santíssimas, salve-vos o Senhor, de quem vós procedeis e vindes!

Não há ninguém no mundo que tenha condições de possuir qualquer de vós, se primeiro não morreu para si próprio.

Quem possuir uma e não ofender as outras, possui a todas.

E quem ofende a uma, não tem nenhuma e ofende a todas (Tg 2, 10).

E cada uma delas confunde vícios e pecados.

A Santa sabedoria confunde a Satanás, com toda a malícia das suas tentações.

A pura santa simplicidade confunde toda a sabedoria deste mundo (I Cor 2, 6) e a sabedoria da carne.

A santa pobreza confunde a cobiça e avareza e as preocupações deste mundo.

A santa humildade confunde a soberba e todos os homens que são deste mundo, assim como tudo quanto há no mundo.

A santa caridade confunde todas as tentações do demônio e da carne e todos os temores

carnais.

A santa obediência confunde todos os desejos dos sentidos e da carne; e traz o corpo mortificado na sujeição ao espírito e na obediência ao seu irmão, e faz o homem submisso a todos os homens deste mundo; e não só aos homens, mas ainda a todas as bestas e feras, para que possam fazer dele o que quiserem, na medida em que lá do Alto o Senhor o permitir.

 

03 – Tema: A pobreza confunde a cobiça, avareza e as preocupações desse mundo.

  A pobreza faz parte dos três conselhos evangélicos (obediência, pobreza e castidade, ou pureza de coração) que atingem os três relacionamentos fundamentais do homem em sua vocação integral: com Deus, com a natureza criada e com o próximo. Nós como franciscanos seculares, fazemos à profissão de viver no estado secular, seguindo o Evangelho de Jesus Cristo, a maneira de Francisco de Assis. Neste artigo da “Regra e Vida”, somos chamados a viver o espírito de pobreza, uma das principais características do carisma Francisclariano.

A espiritualidade franciscana é fundada pela simplicidade da santa pobreza ao ter como base crucial a vida de Jesus Cristo, que escolheu ser pobre e humilde. Na Carta aos Fiéis São Francisco inicia destacando o mistério da encarnação de Jesus e relembra que “sendo Ele mais rico do que tudo” quis com sua Mãe, a bem aventurada, escolher uma vida de pobreza. Ou seja, Jesus poderia ter escolhido uma outra condição de vida. Mas Ele como um imigrante, um andarilho, pede esmola, sofre provações, abandono, fome, sede, humilhações e perseguições.

A pobreza franciscana é um lugar social de solidariedade.  Francisco pedirá a seus irmãos não somente que visitem os pobres, mas vivam entre eles, servindo-os como pobres... Francisco não separa a pobreza material da pobreza em espírito tanto para os frades quanto para os leigos casados que queriam viver à maneira do Poverello.

Esta proposta de vida estimula os franciscanos seculares a buscar livrar-se da avareza, procurando no desapego, um relacionamento justo com os bens materiais, compreendendo que tudo que nos foi dado, não é para engrandecê-lo, mas para administrar a favor dos filhos de Deus, de uma sociedade mais justa. Esse justo relacionamento consiste, primeiramente, no desapego dos bens, não deixando que eles se transformem em ídolos, ou seja, mais importantes que o próprio Deus. Segundo numa maneira de viver, reduzindo o consumo desnecessário e o desperdício, ou seja, simplificando as próprias exigências materiais. Viver pobre não significa desprezar os bens terrenos, mas relacionar-se de maneira sadia, sem explorar os bens e consequentemente a criação de Deus.

 

A pobreza do espírito

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque é deles o reino dos céus.” (Mt, 5,3)

Ainda nesse artigo nos provoca a purificar o coração da inclinação e cobiça de posse e dominação. Vivendo no espírito das Bem-aventuranças. Um dos grandes empecilhos para o homem chegar a Deus é a ganância pelo poder e riquezas. Somos chamados pela força da vocação franciscana a purificar o coração de coisas vãs, sendo livres para o amor a Deus e aos irmãos. Na exortação São Francisco diz que “tem o coração limpo aqueles que desprezam os bens da terra e buscam as do céu e não cessam de adorar e contemplar com alma e coração puro ao Senhor Deus vivo e verdadeiro”. Sendo dessa forma mais alegres, disponíveis, fraternos, pessoas de livres e de oração. 

A pobreza exterior é também resultado de uma atitude interior, espiritual. A pobreza do espírito não é apenas o desapego dos bens materiais, mas também da própria vontade. Está pobreza que faz colocar toda a sua esperança em Deus, libertando o coração do homem. Ressaltando que somos apenas peregrinos e forasteiros nessa terra, a caminho da casa do Pai. 

Papa Francisco nos alerta é preciso uma mudança de comportamento/ conversão 

Na encíclica Laudato Si, Papa Francisco traz para toda sociedade mundial a reflexão das conseqüências de um sistema que degrada e mata. Que não se sustenta, ao contrário, polui e destrói a casa comum, ou seja, a natureza que nos foi dada na criação de Deus. Denuncia tanto a desigualdade social, quanto a cultura do descarte que mata o ecossistema e tantas pessoas. Principalmente nos países mais pobres e em outros nos quais existe guerra civil, fomentando tantos imigrantes e refugiados que vemos sempre nos noticiários. Neste sentido, questiona que é preciso uma mudança de comportamento humano e social. É necessário sermos mais simples e nos fazermos mais humildes e pobres. Só a partir de uma mudança de vida será possível uma mudança verdadeira na sociedade.

 “Pergunto-me se somos capazes de reconhecer que estas realidades destrutivas correspondem a um sistema que se tornou global. Reconhecemos nós que este sistema impôs a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão social nem na destruição da natureza?” Papa Francisco, Bolívia, 2015.

Apresentar esse projeto de vida franciscana, contrariando a realidade de hoje com um carisma e ideal de vida mais simples e sóbrio, é um desafio que precisa ser encarado como necessário de existir e persistir. Com ênfase nos dias atuais de plena crise moral, política, institucional e ecológica, esse desafio é luz para o mundo, é questão de sobrevivência da humanidade. Pois, é devido a avareza e cobiça humana que realmente o planeta está ameaçado de perder as condições de vida, não só humana, mas de todo planeta, nossa casa comum.

 

04 – PARTILHA E REFLEXÃO:

Partilhar as compreensões e experiências de vida durante o momento:

O que é a pobreza do/a franciscano/a secular? Busco viver em minha vida? Quais as dificuldades para assumir essa pobreza? Como busco purificar meu coração? 

 

05 – AÇÃO CONCRETA: 

A partir das respostas do momento anterior de partilha – buscar superar as dificuldades que impedem a vivência prática desse artigo da “Regra e Vida”.

Proporcionar outros momentos na fraternidade (formação/ retiro/ encontro), se possível com assistência espiritual, sobre os conselhos evangélicos.

 

06 – ORAÇÃO FINAL:

(a partir de preces e/ou a critério da fraternidade)

 

07 – CANTO FINAL: Despojamentos – Padre Zezinho 

Simplicissimamente nós viveremos daqui pra frente

Simplicissimamente nada teremos singelamente

Partiremos o pão que Deus dará

E se formos irmãos o pão não faltará.

Desposaremos a donzela pobreza

E geraremos a irmã caridade

E não teremos quase nada na mesa

E pisaremos pés descalços no chão.

Não mudaremos quase nada na terra

E pode ser que nada mude ao redor

Mas para que o mundo seja um dia mais justo

Semearemos a semente do amor.

 

08 – PARA ENRIQUECIMENTO DO ESTUDO: 

·         Bíblia Sagrada – Evangelho das Bem-Aventuranças;

·         Comentário Espiritual a Regra da Ordem Franciscana Secular, Frei Alberto Beckhäuser;

·         Catecismo da “Regra e Vida” da Ordem Franciscana Secular;

  • Laudato Si, Encíclica do Papa Francisco;
  • Discurso do Papa Francisco no II Encontro dos Movimentos Populares, 2015;
  • Refletindo sobre a pobreza, Frei Almir Ribeiro Guimarães - http://www.franciscanos.org.br/?p=26656

  

Autora do Texto: Maria Aparecida P. Brito, OFS

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